30 de março de 2010

A Marca de Cristo

Jesus acabara de ser traído por um de seus discípulos com um beijo, tendo sido trocado por trinta moedas de prata. Os soldados romanos o levaram preso para a casa do sumo sacerdote. E lá estava Pedro e observava tudo à distância.

Pedro tenta uma aproximação para ver Jesus e acaba por ser reconhecido como um dos discípulos de Cristo. Por três vezes é interrogado acerca de ser um dos que andava com o Mestre. Em todas às vezes tentou desfazer o mal entendido dizendo: não o conheço, não sou um deles, não sei do que você fala. O galo canta pela terceira vez. Lembrou-se das palavras de Jesus de que o negaria três vezes e entristecido retirou-se do local.

Não há aqui nenhuma tentativa de culpar a Pedro ou malhar a Judas como fazem as religiões com suas liturgias da culpa. Judas e Pedro poderiam ser cada um de nós. Seria apenas uma transferência de culpas. Todos nós temos as nossas e todos somos pecadores de uma forma ou de outra.

Mas uma coisa não dá para negar, ainda que Pedro houvesse negado que conhecia a Jesus, o seu jeito de ser o denunciava. Os três anos que Pedro passou com Jesus de alguma forma o marcaram profundamente e ainda que ele O negasse, ele foi reconhecido como um discípulo de Jesus.

Aqui cabe um esclarecimento. Negar a Jesus não tem nada haver com o que a religião chama de negar a Jesus. Para a religião negar a Cristo é a pessoa dizer que tem vergonha de dizer que vai a “igreja”, que é crente, que não gosta de carregar a bíblia. Ora é bem possível que uma pessoa que vá a “igreja”, se declare crente e carregue a bíblia e ainda assim negue a Jesus. Nós não somos medidos por estas ou coisas semelhantes, mas pela maneira com que nos relacionamos com as pessoas, pois a maneira como nos relacionamos com as pessoas revelam o quanto somos parecidos com Jesus, pois mostra que temos aprendido os Seus ensinamentos e temos vivido conforme o evangelho que Ele nos deixou.

Pedro O negou, mas não há como negar que ele era um dos discípulos de Jesus. Por mais que tenha tentado se esquivar, não deu, afinal até o seu jeito de falar era parecido com o do mestre. Assim Pedro já estava marcado com o evangelho da graça, ainda que em seu entendimento houvesse a esperança de que o messias fosse um rei temporal, que restituiria o poder ao povo de Israel, sem que soubesse que algo mais profundo já havia acontecido em seu coração.

Pedro saiu decepcionado após o episódio, mas Jesus sabia que Pedro o amava. Mais tarde, mais a frente, preparou uma bela refeição e convidou Pedro e os discípulos. Ali Pedro pode declarar que realmente amava a Jesus, pois isso também ele não havia como negar.

Olha, é isso que vale a pena em nós se somos ou não parecidos com Jesus, se amamos a Jesus e não se temos os formatos pelos quais a religião tanto insiste como demonstração de “vida espiritual”, o que não passa de puro ritualismo pagão que não crê que na cruz tudo já foi pago. Aceitar a Jesus é andar como ele andou e se relacionou com as pessoas. Não é o fato de levantar a mão em uma “igreja”, mas do abrir o coração para que a luz do evangelho possa iluminar o nosso entendimento.


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