3 de fevereiro de 2008

REINO DE PAZ



"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo." (Romanos 14 : 17)
Para muitos não é mais assim. O Reino de Deus é sim comida e bebida, e se não for da boa também não presta. Desde que me converti no início da década de 90 que tenho ouvido que eu e você temos que comer do melhor dessa Terra. Afinal se o ímpio e descrente tem porque você e eu como filhos de Deus não podemos ter? Esse espírito de inveja tem-se instalado em muitos e as pessoas passaram a entrar em um estado de frenesi achando que só serão completas e se sentirão na "benção" se puderem ter, ter e ter seja lá o que for, como objeto de consumo e prazer e as vezes o prazer de dizer apenas que se tem isso ou aquilo, para demonstrar o tamanho de sua fé e a suposta aceitação de Deus tendo como prova os benefícios recebidos. Esquecem-se que Deus faz a chuva vir sobre justos e injustos. Que Ele curou dez leprosos e apenas um voltou para agradecer.
Ai um outro frenesi é criado. Ora se fulano tem, eu também posso ter. E geralmente, 99,99%, se apóiam tal fato na fidelidade dizimista e ofertante. E outros passam a contribuir não mais por amor, mas por inveja, é a verdade, pois o foco é ter as bênçãos alcançadas por outros e não mais por amor e entendimento de que de graça recebeis de graça dais. Nada disso. Eu dou, mas quero isso e aquilo. Eu dou, mas quero aquele meu desejo de consumo alcançado. Eu dou, mas em troca quero a minha "benção". Dízimo e ofertas neste ponto já viraram moeda de troca e não um ato de pura graça, amor e fé. E não poucos dizimam e ofertam por medo de, não o fazendo, serem punidos por Deus. Ninguém mais se lembra do que Jesus nos ensinou quando disse que nem Salomão se vestiu como os lírios do campo. De que as aves dos céus não semeiam nem segam, mas o Pai lhes dá o alimento todos os dias. De que nós somos mais importantes que os lírios do campo e aves do céu, e assim o Pai terá cuidado de nós. Cabe ressaltar a importância sadia de dar dízimos e ofertas não movidos por pela inveja de termos os nossos desejos realizados mas como fruto do amor do Pai em nos, que no Seu tempo nos fará abundar em toda a graça.
Justiça, só se for a própria. A minha. A que meus braços podem alcançar. E também não pouco se vê as pessoas agindo por conta própria. Por sua própria justiça. Justificam a sua fé em virtude dos dízimos e ofertas dadas, dos jejuns realizados, das orações feitas, da presença nos cultos, das correntes de oração, das muitas vigílias e outros sacrifícios, e aqui é sacrifício mesmo. Não mais está tudo consumado. Tendo que fazer algo para "Deus", para chamar Sua atenção em relação a mim. Justiça que vem da fé já era. Pensam que Deus é atraído pelo performismo do ser pedinte e não mais por um coração puro e quebrantado. Se diz que se vive por fé, mas é a fé na certeza de que cumprida as minhas obrigações Deus tem o dever de me abençoar. Isso está mais para uma relação trabalhista, de troca, do que uma relação de amor e dependência do Pai. Só faltam querer dar um aviso prévio em Deus por não "cumprir com os termos do contrato". Esquecem que a sua justiça própria é como trapo de imundícia diante dEle e que por isso se deve viver por fé e não por obras. Não é mais a fé de Hebreus 11, que vive crendo e esperando o que não se vê ainda que é possível por fé.
E assim ter a paz e alegria da promessa, sem passar pelos prazeres de poder comer e beber muito bem e do melhor, é engano. Dizem que é mentira. Crente tem que ser cabeça e não cauda. Você só terá se fizer acontecer. A minha justiça é que me sustem, é o que diz o coração nos seus lugares mais íntimos. E nos gabamos disso. Tristemunhos não faltam de vida "vitoriosa" e justiça própria. A inveja assim vai dando lugar ao egoísmo, a frieza no amor, pessoas facilmente irritáveis, sem domínio próprio, com um agir quase que irracional, só o não sendo pela capacidade e razão que tem de justificarem atirando nos outros primeiro e perguntando depois. Isso quando perguntam. Francos atiradores se tornam. Serial killer das justiças próprias. E quanta paz e alegria sentem quando vêem suas in-justiças próprias se cumprindo sobre as pessoas.
Porém Jesus nos convida a conhecermos a sua boa e agradável vontade. Ele cuida sim de nós bem melhor do que cuida dos lírios do campo e aves do céu. Acaso não valemos mais? Disse Ele. O Seu Reino não é comida e nem bebida, mas Ele cuida de nós e nos alimenta como por graça e misericórdia alimentou a multidão de 5 mil homens, mulheres e crianças. Justiça só a que vem da cruz. A Justiça com que é justificado todo aquele que crê que em Cristo está tudo consumado. Paz e alegria no Espírito Santo sobre todo aquele que compreendeu por fé a grandeza do seu Reino que já está em nós, se assim cremos que o Seu Reino não é comida e bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.


Délio.
21/01/2008

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