Segundo a narrativa de Mateus 14 certo dia os discípulos de João Batista foram até Jesus para dar-lhe a triste notícia da morte de seu amigo, primo e precursor de seu caminho. Jesus se entristece muito, pega um barco, navega para um lugar deserto, onde poderia refletir em paz. Porém, as multidões, descobrem que Jesus pretende dirigir-se ao deserto e vão ao seu encontro. Tomando uma atitude inesperada para qualquer ser humano, Jesus SE COMPADECE da multidão.
Nesse momento a notícia da morte de João já havia se espalhado, era a notícia do dia, primeiro o tetrarca – rei – manda prender João pois ele havia dito que não era lícito possuir sua cunhada, então, após prendê-lo o rei manda decapitá-lo a pedido de sua sobrinha. Todos comentam e todos sabem que João e Jesus eram próximos, mas ninguém se compadece de Jesus, pelo contrário, vão ao seu encontro procurando soluções e respostas para suas próprias angústias. A multidão não se compadece de Cristo mas Cristo compadeceu-se dela. E Mateus registra que Jesus se compadece e cura os enfermos.
O dia passa e a multidão continua ali aguardando as suas bênçãos, os discípulos sugerem que Jesus despeça as multidões para que possam se alimentar, mas Jesus ainda se importa com ela multiplicando os pães e peixes a fim de não precisar despedir as multidões. Todos comem e se fartam e em todo momento Jesus cuida da multidão. Estando fartos foram dispersos. Então Jesus pede aos discípulos que peguem o barco e sigam o caminho pois ele mesmo despedirá a multidão, e indo embora multidão cai a tarde e Jesus sobe o monte a fim de orar sozinho. Cai a noite, os discípulos já navegam distante, o mar está revolto, o amanhecer já estava próximo e os discípulos preocupados com Jesus e com o mar revolto.
De longe observam algo sobre as águas, ao se aproximarem reconhecem uma forma humana que caminha sobre o mar turbulento. Segundo Mateus todos ficaram aterrados e gritavam “É um fantasma!” mas Jesus imediatamente responde “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!” Pedro não reconhece a voz de Jesus, duvida e desafia: “Se for mesmo Jesus que me leve também sobre as águas!” Então Jesus diz, “Vem!” E Pedro caminha sobre as águas assim como o mestre, no entanto, reparando na força do mar Pedro teme, começa a submergir e grita “Salva-me!” então Jesus estendendo-lhe a mão, o retira do mar, os dois caminham até o barco quando enfim vento e o mar se acalmam.
A observação da história de Jesus nos mostra que tudo que está registrado tem sua finalidade. A primeira impressão que tive quando li esse trecho da história é que Jesus estava mostrando seu poder para os discípulos, mas logo em seguida observei que ele não precisa provar nada, ele é e sabe que é e não passa por nenhuma crise de identidade. Andar sobre as águas foi nada além de uma ilustração do que Jesus fez todo o dia e os discípulos não haviam percebido. Durante todo momento Jesus “andou sobre o mar revolto” quando recebeu a notícia da morte de seu amigo, quando foi interrompido pela multidão interesseira, quando cuidou dos problemas dos outros enquanto tinha muitos problemas próprios. Em todo momento Jesus amou a multidão e cuidou da multidão. Talvez todos estivessem tão envolvidos em seus problemas que nem sequer perceberam a grandeza da atitude de Jesus por isso foi preciso que Jesus literalmente andasse sobre as águas para que todos percebessem a grandeza do que ele fez. Andar sobre as águas quebra as leis da física mas não produz amor ao próximo. Cuidar dos outros não quebra nenhuma lei física mas quebra a lei do “mundo” pois é eficaz em gerar amor ao próximo. Além disso Jesus mostra que também podemos “andar sobre as águas”, mas que não sejamos mesquinhos em pedir que literalmente possamos andar sobre as águas como quem precisa de um espetáculo para crer, vamos pedir à Deus a capacidade de amar o próximo mesmo quando temos muitos problemas nossos para cuidar, se conseguirmos fazer isso com certeza faremos algo muito maior do que literalmente andar sobre as águas.
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